Realidades - Mundo Material, e o que lhe escapa

Boas,

Antes de mais, gostava de agradecer todas as respostas ao tópico anterior =)

É engraçado... A verdade é que quanto mais penso sobre Tudo, racionalmente, mais percebo a ligação que existe entre o que é material e o que não é... Racionalmente, cada vez faz menos sentido que o que "não é material" não exista, isto é, cada vez faz mais sentido admitir que a única maneira de existir um mundo material é existir também uma realidade, ou um plano onde se expressem todas as energias que no mundo real se fazem sentir de forma visual, ou até, e mais acertadamente pela minha visão, uma infinidade de planos.

Isto é: se eu mexer uma pedra, estarei ao mesmo tempo a mexer em tudo o que estiver entrelaçado com a pedra em questão, nesses tais planos. O que, de resto, encaixa bastante bem com a minha visão da Teoria do Caos.

O facto de estar na área das artes fez com que a minha mente esteja aberta a muitas possibilidades, se não mesmo todas, mas por natureza sou muito céptico e com tendência a acreditar apenas nas realidades que consigo sentir.

Sinto que, da mesma maneira que o facto de saber que não devo ter tensões musculares para "acção X" apenas me começa a ajudar a deixar de ser estupidamente tenso, a começar a ver o "problema", que vejo uma dimensão extra-terrena no mundo, mas ainda não acredito muito nela, ainda não consigo acreditar que ela exista para além do nosso próprio cérebro humano.

É um bocado como todas as grandes verdades têm excepções, como para haver "tudo" tem de se definir "nada"... A "transitibilidade" entre realidades, o facto de tudo o que está expresso no microcosmos humano estar expresso no macrocosmos do universo, que por sua vez talvez até seja um microcosmos comparado com outra coisa qualquer... Tudo isto faz sentido.

Mas estou completamente perdido. Parece que, para não variar, e como em tudo no raio da vida, de mão dada com o conhecimento, vem ainda mais confusão. Sinto-me com vontade de quantificar, quando nada disto é muito quantificável.

Já não consigo ver o Ser Humano sem ser como uma soma de dimensões (o nosso corpo como a soma dos nossos membros, e a nossa "personalidade" - termo que já desprezo - como soma de todas as nossas realidades mentais) que compõem o Ser, que é toda essa mesma soma, mas é também uma unidade, algo mutável e movível sem que se note essa multiplicidade.

Da mesma forma, já não consigo ver o mundo sem ser como uma soma de realidades infinitas, todas reais na medida em que tudo o que não existe tem de ter um lado "existente", mas continuo sem conseguir ver as coisas à frente dos olhos. Ou se vejo, duvido de mim próprio. Ainda só vejo tudo a nível conceptual. Continuo tenso, e por muito que a minha mente esteja mais aberta, o meu corpo (não entender de forma literal, as tensões são uma metáfora, apesar de também serem uma coisa muito real em mim) é sempre um bloco de pedra, não fosse eu ser Capricórnio, e oferece sempre resistência a tudo o que tenta movê-lo.
E passado um bocado, penso: mas desde quando é que eu acredito em signos? E respondo: Sempre acreditei e sempre duvidei, mas sempre acreditei. O facto de ter descoberto a Teoria do Caos, que lhes dá alguma base científica modificou foi minha teimosia em aceitar isso para comigo mesmo (sempre que dou um argumento positivo ou negativo penso, penso, e acabo por lhe descobrir o outro lado).

Onde estará o limite entre o existente e o não existente? Provavelmente não existe, digo eu. Então, onde está tudo? Qualquer coisa que eu possa humanamente definir faz automaticamente parte desse tudo?

Percebem-me?

Obrigado pela paciência;
Sei que isto me sai meio em formato de desabafo.

Cumprimentos para todos.

Kadra Shik,

Ora bem, vejo que está a haver muita confusão na sua cabeça. Mas toda ela é natural e muito positiva por sinal.
Acontece que quando a nossa mente começa a aproximar-se das realidades subtis do universo, começamos a apercebermos de outras dimensões. Coisa que mentalmente entra em conflito com a realidade que estamos habituados a lidar (o material). A nossa cultura e educação é uma autentica barreira limitadora face à compreensão destas realidades metafisicas, é o dever de todo o Homem que deseja conhece-las estabelecer um equilíbrio intelectual e emocional para percepcionar e aceitar "o novo" conceito.
Imagine o seguinte: Uma pessoa viveu 20 anos a comer com as mãos longe da sociedade, um dia mais tarde é resgatada e integrada na sociedade. Dão-lhe talheres para comer. Obviamente que será complicado utilizar estas ferramentas, pois é algo que não estava habituado a utilizar. No entanto com o tempo, prática conseguirá dominar os materiais.
Os talheres que estamos aqui a falar são a representação dos exercícios que nos fazem percepcionar estas dimensões subtis. É necessário que nos habituemos a eles, os observemos, os pratiquemos e naturalmente uma nova consciencia irá desflorar. Seja qual for o caminho que decidiu caminhar, continue. Não se perca somente na racionalidade, as nossas emoções também devem ter o mesmo peso. O Equilíbrio é a chave para a compreensão e ascenção

Abraço,
Gada Hamun!

Algo importante que esqueci de acrescentar:
Não é maçada nenhuma, é sempre muito bom poder ler e replicar a respeito das inquietações dos nossos companheiros do Hemons.org

Abraço

Ora, li todo o texto, e revi-me um pouco nele. Pelo menos, quem eu era quando comecei nestas andanças. Às vezes, estamos apenas predispostos a certas, e para usar uma expressão tua, tensões, não musculares, mas mais mentais, espirituais. E vamos forçando cada vez mais.
Não deixes que todas essas dúvidas te quebrem como me quebraram, em tempos. As coisas, o mundo, o universo, a realidade, e o lado atrás do espelho, pode ser surpreendentemente simples, se isso se te adequar. Podes não precisar de uma equação ou um quadro delas para te explicar porque é que tu sentes isto ou aquilo quando não o vês. Podes apenas confiar que as coisas são assim, testar empiricamente, e usar isso a teu favor, e a favor dos teus.
Já tou a soar um bocado preachy, eu sei, mas essa confusão toda passa, se investires em conhecer mais, teorica e praticamente.

Cheers